quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Olha, olha, agora sem as mãos!

Tenho estado com muita vontade de me mostrar ultimamente.

Impressionante que eu não tenha escrito nada por aqui em quase um mês, ainda mais quando se trata de dias de eventos curiosíssimos. Ainda mais impressionante porque, oras!, eu ando querendo me mostrar. Como é que desperdicei esta ferramenta de marketing pessoal?

Apesar de já ter me distanciado deste blog antes, posso garantir que, desta vez, os motivos foram outros. A abundância de assuntos merecedores de atenção (e de um belo post) causou uma espécie de paralisia nesta minha mente tão hábil, que vez ou outra se atrapalha quando idéias se acumulam e prioridades precisam ser definidas.

Resquícios de um passado não muito distante, quando eu contava ao Fred que, muitas vezes, tinha tantas idéias para um bom post que não escrevia nada; ao querer alinhar como soldadinhos de chumbo todas as centelhas imaginativas que flutuavam por trás dos meus olhos, chegava à conclusão de que algumas se perdiam no processo, o que me deixava, de certa forma, frustrada.

O próprio Fred, naquele tempo, já havia me revelado o que eu só viria a descobrir muito tempo depois sobre as minhas frustrações, inclusive ao volante (um adendo meio fora de hora, mas que será explicado na "Retrospectiva"). Como é que eu posso deixar de ser grata a esse cara?

[A resposta desnecessária para a minha pergunta retórica é: não posso. Ainda que Frederico W. Rezek não tenha sido causa da minha felicidade presente, ele foi condição. Já diria o grande Paulo, sempre ele...: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Como são insondáveis as suas decisões, e como são impenetráveis os seus caminhos!" (Rm 11:33) ]

Aproveitando a deixa, não sei onde a minha Bíblia foi parar. Ainda bem que já tinha colocado uma edição nova na minha lista de presentes de Natal.

E por falar em leitura, é oficial: retomei os meus estudos literários com... (engole seco) "Iracema". É de doer. Não gosto do Alencar, ponto final. Depois dele, para meu grande alívio, virá "Sagarana", leitura de bordo reservada para o dia 26, quando embarco para Bogotá. Antes de "Sagarana", porém, vou passar no Centro Cultural e surrupiar umas apostilas de História. Como uma das minhas últimas aulas do ano acabou de ser cancelada, é provável que faça isso hoje mesmo. Agora mesmo, aliás.

domingo, 25 de novembro de 2007

Sem peso na consciência

Acabou-se a era dos vestibulares, pelo menos até janeiro do próximo ano bissexto. Trocando em miúdos: hoje foi dia de Fuvest.

Agora posso retomar a minha vadiagem de sempre, sem peso na consciência. Não que antes da prova de hoje eu não tivesse vadiado, pelo contrário: vadiei, mas não sem um certo remorso. Afinal, as apostilas de Química, Física e Matemática estão a poucos metros de distância, e assim ficaram, descansando dentro da mesma gaveta, durante os poucos meses em que eu havia decidido, resoluta, dar mais atenção àquelas engrenagens da Termodinânima, dos Fenômenos Ondulatórios, das Ligações Covalentes e das Entalpias.

Sobre a minha vadiagem nos estudos: ela é relativa. Aplica-se, geralmente, àquelas matérias que eu considero execráveis. No tempo que disponibilizei para os meus estudos vestibularescos, comecei pelo que mais me agrada: li "A Cidade e as Serras" e "O Burrinho Pedrês" (para que ninguém diga que "Sagarana" passou em branco) e reli "Dom Casmurro" e "Memórias de um Sargento de Milícias". De forma bastante esparsa, estudei alguns poemas d"A Rosa do Povo" e relembrei Alberto Caeiro. "Auto da Barca do Inferno" e "Vidas Secas" ainda estavam em destaque na minha memória, e "Iracema", ainda que não estivesse, não ganhou atenção porque o chatérrimo "O Guarani" me traumatizou a respeito de Alencar.

Comecei por isso e terminei por isso. Quando peguei meu bom e velho caderno de fichas de resumo, passei os olhos pelos tópicos de Física e notei que a minha memória seletiva não ia me ajudar naquela revisão que eu esperava ser breve. Para conseguir elaborar uma equação de Torricelli crível, eu precisaria dedicar pelo menos uma hora para a introdução, e tão somente a introdução, do estudo da Mecânica. Bastou-me uma conta de multiplicação para perceber que, se quisesse levar adiante uma revisão de Exatas que me servisse para alguma coisa além de enxaquecas, precisaria de muitas, mas muitas horas de estudo diário.

Sendo assim, resignei-me a ficar mesmo na Literatura. Poderia, de fato, ter me atentado mais a alguns detalhes miúdos da História e da Geografia, mas talvez por um excesso de confiança, talvez por pura preguiça, detive-me à resolução da prova da Fuvest de 2007 como meu mais completo exercício de preparação. Desempenho pífio em Exatas, razoável em Biológicas, satisfatório em Humanas (Deus está nos detalhes, e a estes eu não dei muita importância, o que me custou alguns pontos em Geografia).

Hoje de manhã, passou-me pela cabeça uma breve dúvida: qual a melhor leitura para o tempo de espera antes da entrada no local de prova? O suplemento especial sobre a Amazônia ou as fichas de resumo? Por um lado, seria bom expandir um tema em voga e interdisciplinar; de outro, eu precisava estudar Análise Combinatória! Trata-se de uma constante em provas de respeito, e uma que eu sempre desenvolvo na raça, perdendo minutos a fio com o que pode ser resolvido por uma simples fórmula de que eu não me lembro.

Pois bem, se levasse os dois, levaria comigo a dúvida e a perda de tempo seria contraproducente: acabaria não lendo nenhum dos dois com a devida atenção. Atinei: já que os dois parecem bons, melhor não levar nem um, nem outro. Peguei o resumo de Sagarana e resolvi calibrar meus pontos fortes, o que se revelou um erro de estratégia: pouparam Guimarães, e lá estava a boa e velha "o número de maneiras distintas de dispor os nove passageiros é igual a...". Pelo menos, o caderno sobre a Amazônia teria se mostrado igualmente inútil.

A prova, em si, não foi difícil. Exigiu, com ou sem fórmulas, raciocínio e conhecimentos gerais em detrimento da decoreba. Ao chegar em casa, conferi o gabarito e, a não ser que as notas de corte do ano passado saltem 10 ou 15 pontos, eu teria passado para a segunda fase até de Publicidade.

É nessas horas que o Apollo Owen-Kressley dentro de mim estremece de tanto prazer.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Flashback

É curioso como uma música tem todo um poder de despertar memórias e outras coisas afins. Quando percebi que a música que andava cantarolando desde manhã era "Fashion Party", do Ace of Base (podem rir, jovens da década de 90 que sabem de quem eu estou falando. Vosso passado também vos condena!), aconteceu o inevitável. Lembrei das festas da minha infância.

Talvez elas tenham esse gosto especial por serem as primeiras, com os primeiros grandes amigos, com os primeiros romances, com as primeiras bebidas e, é claro!, com as primeiras músicas e danças. Exemplo:

15 de novembro de 1994. Meu aniversário de 11 anos. Sou eu ali, de vestido brega (podem rir), dançando com o Maurício, meu vizinho (um terreno separava a minha casa da dele, lá na Licínio Maragliano). A música era "Hero", da Mariah Carey (podem rir de novo).

Para quem nunca teve baile nas festas de aniversário (estão rindo do quê?), vale lembrar que esse momento era a "Dança da Vassoura", ou seja: você podia estar lá, dançando, numa boa, que alguém aparecia com o supracitado utensílio e você devia dar a vez. Isso acontecia bem rapidamente com qualquer garota que estivesse dançando com o Maurício, talvez pelo fato de ele ser o garoto mais bonito do bairro. Assim sendo, poucos instantes depois desta foto ter sido tirada, aparecia a Verônica (cabelo curto, blusa cinza, ao lado da Amanda, de calças anos 80 e blusa branca) para acabar com a festa.

Não literalmente, é claro.

Nessa época, era comum a gente brincar na rua horas a fio. Comemorávamos o Halloween batendo de porta em porta pedindo doces. No ano seguinte a essa festa, eu já estava encarregada de preparar as batidas para as festas na casa do Peru (a.k.a. André). Desde aquele tempo eu já carregava na cachaça, e quase colocava o pessoal em coma alcoólico. Eu, por minha vez, era relativamente imune a porres, já que tomei minha primeira caipirinha aos 4. Thanks, dad!

Dormia na casa das meninas, depois de toda a vizinhança brincar na rede torcida até altas horas. A brincadeira consistia no seguinte: torcia-se a rede e, enquanto duas pessoas seguravam as extremidades da dita cuja, três destemidos participantes sentavam sobre ela. Soltava-se a rede e... bom, o resultado é bem previsível. Ganhava quem não precisasse ser levado de ambulância até o pronto-socorro mais próximo.

Outra brincadeira bastante construtiva: roda de tapas na palma da mão. O nome já diz tudo: sentados em círculo, cada um deveria dar o tapa mais forte que pudesse na mão da pessoa à sua esquerda, que por sua vez espancaria a mão à sua esquerda, e assim sucessivamente. Nessa eu caprichava. Minha mão ficava roxa, mas eu era sempre uma das últimas (se não a última) a sair.

E tinha mais, muito mais. Detetive no escritório da Dona Vera. Jogo do Copo. Verdade ou Desafio. Cabo de Guerra. Depois dos 12 anos, dia sim, dia não, era noite de pizza. Jogo do Brasil com pipoca na minha casa. Bicicleta e vôlei na rua. Certa vez, esfolei a minha cara no portão da Dona Irene tentando andar de patins. Carnaval com confete. Nhoque de farinha com molho de farinha. Coca-cola saindo pelo nariz. Tinha Madonna. Tinha Clip Trip com “Aiôôôô Silver” e Ace of Base. “The Sign”. “Living in Danger”. “All That She Wants”.

“Fashion Party”.

É curioso como uma música tem todo um poder de despertar memórias e outras coisas afins.

sábado, 17 de novembro de 2007

Não é planeta não, e daí?

Acabei de ler algo engraçado no Yahoo Answers:

"I'm a Scorpio. Pluto WAS the ruling planet. Recently, it was decided, Pluto is not a planet. What to do? Will I be assigned a new "ruling planet?" Is there any chance "Goofy" will achieve planet status?"

Algumas das melhores respostas:

"Dude, we scorpios got screwed. Now we're ruled by a wimpyass half-planet (which is SO beneath a sign of our stature), and I definitely don't want to go back to sharing Mars with that bed-hog Aries."
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"Well, sorry to tell you but all scorpios will be dead within the next 10 days, with no planet to give direction to their lives."
.
"i'm also scorpio,i'm afraid our times up mate."
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"Yea that's a hard one. Technically Pluto is a sub planet So you have a planet that is a lame duck ruler. Yikes! You could end up like the USA. It's got a lame duck president."

A minha favorita:

"Now you are a free man without a ruler..."

Hahahahahahahahahaha... Ai, ai.

Verdade seja dita: who cares? Então Plutão não é planeta? Whatever. O Sol também não é, e vai ver como os leoninos se orgulham dele. Eu curto o planetóide desbancado, e daí? O que me atrai realmente nesse papo todo de astrologia é que o signo, ascendente, planeta regente e toda essa parafernália contribuem para uma certa afirmação do "eu". Eu gosto quando dizem "Cruzes!" quando eu falo o meu signo. Eu tiro o chapéu para Hades (a.k.a. Pluto), Ruler of the Underworld. Eu simpatizo com os símbolos de Escorpião, e identifico em mim as tão famosas características escorpianas. E daí?

Sou Anglicana, sim. Deus tem todo o poder, mas também tem senso de humor e criatividade.

Enfim... Meu aniversário passou, e com ele está passando, lenta porém inexoravelmente, o meu mau-humor dos últimos dias. Mais virá para 2008. Até lá, dá para se divertir.

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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O dia depois de ontem


Tori Amos é maravilhosa. "Winter" é tudo, mas não ganhou um clipe à sua altura. "Roubei" o vídeo acima de um(a) moço(a) que utilizou a música para homenagear o pai, e caprichou. Parabéns para ele(a), A246scorpio.

Não é por falta de tempo que não posto por aqui, nem por falta de assunto. Também não é por falta de vontade de escrever (no sentido mais amplo da palavra), já que nesses últimos dias andei fazendo o impensável: rabiscando notas para um post com Night Evans (morta), Apollo Owen-Kressley (vivo) e The Plague (decidindo-se entre os dois mundos). Ressuscitei e adaptei uma idéia que engavetei antes de parar de escrever, porque a ocasião em que eu a utilizaria (um post de homenagem) deixou de existir, e não é força de expressão. Mal sabia eu que a data que pretendia celebrar não era verdadeira. Para que conste dos autos, tivesse eu levado os meus planos adiante, era para ontem que a homenagem deveria estar pronta.

Mariana, sei que você estava esperando as fotos da Ilha do Mel desde o dia 15 de OUTUBRO, mas tente entender. Estou sem a menor vontade de escrever seja lá para quem for (incluindo você, Mari) essas poucas linhas com uma satisfação; de saber o que acontece na vida dos outros (até mesmo naquelas que eu considero dignas de minha atenção); de, enfim, esticar conversas que não me interessam neste momento.

Não pense que, por algum motivo, você tenha caído no meu conceito. A questão não é essa; o que tem monopolizado a minha atenção, e de forma implacável, sou eu mesma. Há algumas semanas, estou bem mais introspectiva do que o normal - tenho lido mais e ouvido menos. Pensado mais, também, e com mais dores nas costas do que antes. Os outros? I've become a million miles away.

Longe de querer legitimar o meu descaso, que não é bom e do qual eu não me orgulho, insisto em dizer, talvez por puro egoísmo, que ele está me fazendo bem porque está servindo para que eu coloque alguns acontecimentos em perspectiva. Muitas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo, e não há como arrastar ninguém comigo para o labirinto das minhas próprias idéias.

É só.

domingo, 28 de outubro de 2007

The apple of my eyes

http://www.buzznet.com/www/search/videos/armwrestling/2561993/ville-armwrestling-with-an-mtv-host/?p=1

"It's a rented apartment. If you wanna pay for the rent, yes, sure."
.
Não resisti. É um vídeo bem mundano, admito, mas nele, Ville Valo está divino, simplesmente. Está, em outras palavras, mais escorpiano do que nunca. Isso compensa.

Tecnicamente falando, Valo não é de Escorpião. Tem ascendente em Escorpião, mas não é de Escorpião. Nasceu dia 22 de novembro, e é comprovadamente sagitariano (signo dominante com 52,4%), e duplo, ainda por cima (Sol e Lua em Sagitário).

*pausa para as devidas náuseas*

Um dia de atraso faz toda a diferença... Mas deixemos de lado esses detalhes irrelevantes: o olhar de Ville Valo neste vídeo é fora do comum. É inebriante. Hipnotiza. E as tiradas, então? Que charme. A risada é sagitariana, mas o humor, pelo menos aí, é escorpiano. A VJ desmiolada ria feito uma hiena, mas as únicas coisas engraçadas eram os comentários dele, com aquele tom sério de quem tira com a cara dos outros sem que os mesmos percebam.

Nessas horas, eu até perdôo a moça por ter perdido o rumo.

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Mudando de assunto: é a segunda vez em pouco tempo que visito um blog e acabo lendo um texto sobre escolhas. Aproveito para comentar por aqui.

Fazer escolhas é fácil. Difícil é encarar as conseqüências.

Digo e repito: escolher é fácil. Do momento em que acordamos até o momento em que voltamos para debaixo das cobertas, fazemos escolhas do mais variado nível de complexidade. Escolhemos levantar para ir trabalhar ou estudar em detrimento à escolha mais gostosa (pelo menos para mim), que é a de permanecer na cama, escolhemos a cor das nossas meias, o nosso penteado e o nosso almoço. Até quando já está tudo "escolhido", podemos aceitar o que escolheram para nós, ou não. Escolhemos a hora de falar, de ouvir música e de pensar em coisas sérias, de namorar e de acabar com namoros. Escolhemos a hora de fazer escolhas, e às vezes escolhemos não fazer escolha alguma. A verdade é que, o tempo todo, nós escolhemos.

Quando um caminhão vem em sua direção, você fica em dúvida entre continuar ou voltar e, por não conseguir decidir entre uma e outra, acaba atropelada, você se absteve de uma escolha, mas não conseguiu fugir da outra, aquela que estava bem escondida no seu subconsciente: tomar uma decisão e andar ou deixar tudo como está, ficando parada no meio da estrada?

Podemos estar cientes ou não das escolhas que fizemos, ou podemos achar que não tivemos escolha. Podemos ainda achar que não sabemos escolher, mas o fato é que, capazes de escolhas, todos nós somos. Do que alguns de nós se consideram incapazes é de arcar com as conseqüências e resistir aos baques - obviamente, partes da equação infinitamente mais problemáticas.

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Miranda Priestly: I never thought I would say this, Andrea, but I really, I see a great deal of myself in you. You can see beyond what people want, and what they need and you can choose for yourself.
Andy Sachs: I don't think I'm like that. I couldn't do what you did to Nigel, Miranda. I couldn't do something like that.
Miranda Priestly: You already did. To Emily.
Andy Sachs: That's not what I... no, that was different. I didn't have a choice.
Miranda Priestly: No, no, you chose. You chose to get ahead. You want this life. Those choices are necessary.
Andy Sachs: But what if this isn't what I want? I mean what if I don't wanna live the way you live?
Miranda Priestly: Oh, don't be ridiculous. Andrea. Everybody wants this. Everybody wants to be us.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

"All art is quite useless"

INSPIRAÇÃO?

“Sou um bom artesão. Trabalho bem com as palavras. Só que às vezes vem um lampejo, uma idéia luminosa – e esse lance eu não domino. Por esse eu não respondo. Respondo pelo artesanato, tenho consciência do meu potencial. Mas os momentos mágicos – estes me surpreendem.”

Chico Buarque, sobre a arte de compor.
(retirado do artigo "Inspiração ou Transpiração na Música Popular Brasileira?", por Renato Vivacqua)


TRANSPIRAÇÃO?

"Diante de um poema, sente-se bem que há pouca chance de que um homem, por mais bem-dotado que seja, possa improvisar para sempre, sem outro trabalho além daquele de escrever ou de ditar um sistema contínuo e completo de criações felizes. Como os vestígios do esforço, as repetições, as correções, a quantidade de tempo, os dias ruins e os desgostos desapareceram, apagados pela suprema volta do espírito para sua obra, algumas pessoas, vendo apenas a perfeição do resultado, considera-la-ão o resultado de uma espécie de prodígio, denominado por elas INSPIRAÇÃO. Fazem, portanto, do poeta, uma espécie de médium momentâneo. (...)
Na verdade, existe no poeta um tipo de energia espiritual de natureza especial: ela se manifesta nele revelando-o a si mesmo em certos minutos de preço infinito. Infinito para ele... Estou dizendo: infinito para ele, pois a experiência ensina que esses instantes que nos parecem de valor universal às vezes não têm futuro e levam-nos finalmente a meditar sobre a sentença: o que vale apenas para um nada vale. É a lei implacável da Literatura."

Paul Valéry, sobre a arte da poesia.
(retirado do ensaio "Poesia e pensamento abstrato", incluído no livro "Variedades" -São Paulo, Iluminuras, 1991)

O ARTISTA

"The artist is the creator of beautiful things.
To reveal art and conceal the artist is art's aim.

(...)

No artist desires to prove anything. Even things that are true can be proved.
No artist has ethical sympathies. An ethical sympathy in an artist is an unpardonable mannerism of style.
No artist is ever morbid. The artist can express everything."

Oscar Wilde, sobre o artista.
(Prefácio de "The Picture of Dorian Gray")


LIVROS E UM CONSELHO

"There is no such thing as a moral or an immoral book. Books are well written, or badly written.
That is all."

Oscar Wilde, ainda no prefácio de Dorian Gray.



Neil Gaiman, para os aspirantes a escritores.

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Apenas alguns recortes avulsos, sobre temas que vêm ocupado a minha mente, o que não é lá muito pertinente na minha atual situação. Afinal, enquanto meus pensamentos voam, falta UM MÊS para o vestibular e eu ainda nem toquei nas minhas apostilas. Ou melhor, toquei sim - para apagar as respostas que nelas deixei há uns cinco anos. Ah! E somente hoje peguei a lista das leituras obrigatórias:

Auto da barca do inferno – Gil Vicente;
Memórias de um sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida;
Iracema – José de Alencar;
Dom Casmurro – Machado de Assis;
A cidade e as serras – Eça de Queirós;
Vidas secas – Graciliano Ramos;
A rosa do povo – Carlos Drummond de Andrade;
Poemas completos de Alberto Caeiro – (heterônimo de Fernando Pessoa);
Sagarana – João Guimarães Rosa

Acho que o "Sagarana" é o único que eu não tenho, mas amanhã penso nisso. Amanhã bem cedo, diga-se de passagem... um dia ainda me acostumo a acordar às 5:30 da manhã em pleno sábado.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Realization

Aos leitores que sabem mais, muito mais de mim do que eu mesma, e que por este motivo já sabem a dura verdade a respeito do “relacionamento” por trás de grande parte dos posts publicados aqui até hoje: não percam seu tempo lendo este texto. Ele só traz revelações bombásticas para uma pessoa, a mais desinformada a respeito dos meus sentimentos e reais motivações, a que menos entende e a que mais tem a aprender sobre quem eu realmente sou, a única que havia se negado a enxergar o que já está mais claro que o próprio sol, a única que pode dizer, sem medo de ser feliz, que “vestiu a camisa” e foi cabeça-dura até o fim:

Eu mesma.

Better late than never: venho aqui dividir comigo mesma (e com aqueles que, apesar do aviso anterior, continuaram nesta página por pura curiosidade) a seguinte realization: até hoje não amei (tomando por “amor” aquele que é o mais nobre dos sentimentos), mas promovi, em minha mente perturbada, meu sentimentalismo baixo, baixíssimo, ao posto de sentimento nobre. Citei Yeats em um post sobre a saudade da tal baixeza, ou seja: citei Yeats (YEATS!) para ilustrar um post oriundo de um “sentimento” baixo ao quadrado!


Depois de todo este horror, é Janet Leigh quem grita?

Só hoje estou encarando prá valer a minha cegueira, já tantas vezes citada em tantas conversas com tantas pessoas, que gostam (ou gostavam) de mim em maior ou menor grau... A minha burrice – ah! que golpe no meu orgulho admitir que aqueles ecos de “burra, burra, burra... anta, anta, anta...” procedem, e muito! – de insistir em uma mentira colossal, em acreditar que o apego, a obsessão, a competição, faziam parte de algo maior, mais sublime, quando na verdade eram apenas os sinais mais explícitos de um processo de coisificação, em que “a razão do meu afeto” nada mais é do que um objeto, do que um produto da minha imaginação, projeção do meu desejo de posse... do sentimentalismo baixo, do sentir pequeno.

Não me arrependo de ter desejado quem desejei, nem da forma baixa como o fiz. Só acho, hoje (com um pequeno atraso...), que eu não precisava ter negado isso, nem ter distorcido os fatos, para que a minha obsessão se passasse por “amor”.

E no meio dessa estrumeira toda, eu ainda consigo me sentir ótima. Não me canso das minhas próprias surpresas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Com saudade


Never give all the heart, for love
Will hardly seem worth thinking of
To passionate women if it seem
Certain, and they never dream
That it fades out from kiss to kiss;
For everything that's lovely is
But a brief, dreamy, kind delight.
O never give the heart outright,
For they, for all smooth lips can say,
Have given their hearts up to the play.
And who could play it well enough
If deaf and dumb and blind with love?
He that made this knows all the cost,
For he gave all his heart and lost.

William Butler Yeats


Estou esgotada. Será a Síndrome de Burnout dando seus primeiros sinais?
.
Acabei de ler um artigo denominado "Canibalismo: da cultura à perversão", e senti alguma coisa estranha, que não tinha nada a ver com repulsa, e sim... com saudade. O poema de Yeats me veio à cabeça e eu resolvi postá-lo aqui, porque este texto, canibalismo e sadismo (sadismo, sadismo...) estão interligados por lembranças nem tão remotas assim. Suspeito. Talvez um dia desses eu considere postar aqui o que está se passando na minha cabeça neste exato momento.
.
And we move on.
.

Celeuma

Diz o Wikcionário, a respeito do verbete "celeuma":

ce.leu.ma feminino (plural: celeumas)

1. Canto dos remadores enquanto trabalham.
2. (Por extensão) Vozearia de pessoas no trabalho;
3. (Por extensão) Gritaria, algazarra;
4. (Figurado) discussão fervorosa.

Etimologia:
Do grego κέλευσμα (canto de remadores), pelo latim celeuma.


Dou três exemplos:

a) Houve celeuma ao fim da aula, quando a música "Sunspots", do venerável Trent Reznor, encerrou as atividades e convidou a todos para uma polêmica "fuck in the fire".

b) A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é sempre motivo de celeuma, longas esperas e dores nas costas.

c) "Guitarrista volta à sua cidade natal depois de ser abandonado pela namorada e causa celeuma"

Quanto ao primeiro, meus agradecimentos ao Eduardo, que levou a música, as letras e até me ofereceu o "With Teeth" antes de ir embora. Estava torcendo para que ele tivesse levado "Closer" (teria sido a atividade de "Fill the gaps" mais memorável de todos os tempos!), mas a escolha de "Sunspots" foi acertada. Eis aí uma música do Mr. Self-Destruct que eu sempre evitei, por uma combinação de motivos. Depois de ouvi-la umas três vezes na quinta, porém, percebi que ela é boa, aliás - MUITO boa. Ainda não entrou na minha lista de favoritas, mas quem sabe? Quem vai saber?

Passemos à Mostra, finalmente, mas sem muito entusiasmo. A verdade é que, para quem não é fanática por cinema, nem é tão apaixonada pela produção francesa, vai às sessões desacompanhada e que, por essa razão, não vê a menor graça em ficar uma hora na fila, em pé, esperando por um filme que não valeu a sua dor nas costas (como, pelo visto, acontece na maioria dos casos), é muita celeuma para pouco doce. See what I mean?

Não, não quero dizer que a Mostra pode acabar sendo uma enorme perda de tempo para a humanidade. É uma perda de tempo para mim, a única pessoa com quem preciso me preocupar. Não estou particularmente interessada em ficar me deslocando com horas de antecedência para o centro da cidade (sem ter certeza se conseguirei comprar ingressos ou não), esperar outros tantos minutos em uma fila cheia de gente contando o final dos filmes que eu ainda não vi, para passar mais não sei quanto tempo assistindo aquele filme iraniano mudo (mas com legendas em três línguas!) que a crítica adorou e que eu, simplesmente, não veria novamente a não ser que me pagassem (e muito bem) para isso.

Essas foram as minhas conclusões depois do meu primeiro dia (último, talvez?) na Mostra.

Na sexta, enquanto o pessoal daqui foi para o Farol, um bar que não fica muito longe, eu fui para o IG Cine, assistir "O Império dos Sonhos", do Lynch. Há...! Perdi a viagem. Os ingressos já estavam esgotados. No dia seguinte, resolvi pagar para ver "Não toque no machado", filme que três entre três cinéfilos dizem ser imperdível. 36 graus na Avenida Paulista, de onde já se via a fila para o Espaço Unibanco, na Augusta. Nem precisava dizer: havia chegado tarde, mais uma vez.

Terceira tentativa, ainda no sábado: "A Questão Humana", às 17:30, no Cinesesc. Consegui os ingressos... às 13:30. Aproveitei para comprar também a entrada para "Sombras", de Milcho Manchevski (é, aquele mesmo de "Antes da Chuva", um filme que assisti há uns anos e que me impressionou bastante), e fui para a Livraria Cultura do Conjunto Nacional enrolar um pouquinho. Para quem não a conhece, eis uma foto:

Voltei para o cinema por volta das 17:00, e fiquei 50 minutos na fila. Duas horas e meia depois, o filme não me impressionou. Okay, até que impressionou, mas não faz o meu gênero. Tanto é que, logo na saída, um moço me perguntou se eu já havia assistido alguma coisa que valesse a pena e a minha resposta foi bem simples: "Ainda não". "E qual era o nome do filme?" Olhei para ele com um olhar meio vago. "Não lembro..."

Memória seletiva.

"Sombras" não me despertou tanto interesse quanto "Antes da Chuva", mas tem uma trama bem amarrada. A narrativa se arrasta uma vez ou outra, mas o que achei mais bacana nos dois filmes é que ambos mostram uma face da Europa que nós raramente conseguimos (ou queremos) identificar: a parte miserável, feia, suja, desumana. Neste aspecto, ambos são surpreendentes.

Quando cheguei ao ponto de ônibus, já passava da meia-noite. Tirei meu "Guia da Mostra" e dei uma olhada rápida nas sessões dos próximos dias. Achei curiosa a sinopse de um deles, "Nem Pensar!", que é justamente o exemplo número 3, lá em cima. Parece ou não parece uma comédia? Então, isso aí é uma coisa bem típica do circuito alternativo: você resolve ir ver um tipo de filme e acaba assistindo outro. Pesquise sempre para não se decepcionar. Quer uma comédia? Pesquise. Foi o que eu fiz, e vejam o que encontrei:

"NEM PENSAR! - Stefano Nardini toca música desde os cinco anos. Depois de sair do Conservatório de Música, se torna uma razoavelmente bem-sucedida estrela de punk rock. Aos 36 anos, vai tocar em uma banda em que a maioria dos músicos é jovem. Ele sequer tem uma cama de verdade para dormir ou uma namorada. Tudo o que sobrou foi sua guitarra e um carro cujas portas sempre abrem. Então chega a hora de voltar para a sua família, que não vê há muito tempo, e pensar na vida. Em casa, tudo mudou. Seu pai, depois de ter sofrido um ataque cardíaco, agora só joga golfe. Sua mãe vai a encontros de auto-ajuda. Michela, sua irmã mais nova, deixou tudo para trás a fim de trabalhar em um aquário de golfinhos, e ainda há Alberto, seu irmão mais velho, que ficou com a terrível responsabilidade de manter a família viva, tocando a fábrica deles, que produz cerejas em compotas. Surpreendido por uma série de revelações e descobertas, Stefano se vê relutante em tomar conta de tudo e de todos."

Ou seja, É uma comédia. Mas dramática.

See what I mean? Celeumas do circuito alternativo...

domingo, 21 de outubro de 2007

Carta ao Prefeito

São Paulo, 21 de outubro de 2007

Exmo.Sr.

Gilberto Kassab

Prefeito da Cidade de São Paulo



Excelentíssimo Prefeito,

Venho, por meio desta, comunicar minha genuína preocupação com o trânsito caótico da cidade de São Paulo e, por conseguinte, oferecer a V. Excia. possíveis (ainda que custosas) soluções para um dos nossos maiores problemas atuais.

Ao me ver presa em um congestionamento às 7:20 da manhã de um sábado na Avenida Ibirapuera (quase esquina com a Rua Borges Lagoa) e de passar por experiência parecida por volta das treze horas do mesmo dia, porém, desta vez, na estação de metrô do Tatuapé, em que enfrentei novo congestionamento (não de trens ou qualquer outro veículo, e sim de pessoas), percebi que novos investimentos na malha metroferroviária e na frota de ônibus urbanos não serão, afinal, suficientes para sanar a crise do transporte em São Paulo.

Com base em uma pesquisa minuciosa que levou em consideração um estudo demográfico e as atuais condições das vias públicas da capital paulista, elaborei a seguinte lista com as opções que, ao meu ver, teriam as maiores chances de aliviar o trânsito de São Paulo e proporcionar transporte de qualidade para todos.

Opção número um: palestra e cursos gratuitos de teletransporte e vôo com Hiro Nakamura e Nathan Petrelli, respectivamente.

Hiro Nakamura, aclamado mundialmente pela sua capacidade de dobrar o espaço-tempo, poderia dividir seus conhecimentos com a população paulistana, que não mais dependeria do transporte público para se locomover até o trabalho ou a creche das crianças, por exemplo. Já Nathan Petrelli, exímio homem-voador, poderia ministrar cursos de vôo às terças e quintas no Campo de Marte, para maiores de idade que não sofressem de problemas cardíacos ou acrofobia e que sempre sonharam em chegar à avenida Paulista de helicóptero para fugir do trânsito, mas nunca tiveram dinheiro para tanto.

Vantagens:
* sucesso no desenvolvimento do projeto poderia extinguir de uma vez por todas o fracassado modelo de "transporte coletivo" em São Paulo.
* as viagens seriam mais curtas, menos estressantes e as empresas experimentariam aumento na produtividade, uma vez que seus empregados não mais se atrasariam por terem ficado "presos no trânsito".

Desvantagens:
* tal medida pode provocar um motim dos controladores de tráfego aéreo, que atualmente já se sentem sobrecarregados e mal-pagos e não agüentariam o aumento na carga de trabalho, acidentes e reclamações que os novos "vôos" representariam.
* nas andanças pelo espaço-tempo, sempre há chance de falhas em que o indivíduo envolvido pode, por acidente, se teletransportar para a época em que Paulo Maluf ou Celso Pitta era prefeito, e não conseguir voltar ao tempo presente devido a "reações emocionais adversas".
* tanto Nakamura quanto Petrelli alertam que suas habilidades têm origem genética e que cursos ministrados podem não render os resultados esperados, a não ser que as autoridades responsáveis estejam dispostas a investir o equivalente a um bilhão de dólares em pesquisas, camarins com oitenta e nove toalhas brancas, chocolates importados e TV a cabo, além de uma limusine sempre à disposição.


Opção número dois: produção em massa de pranchas voadoras e outros aparatos utilizados por celebridades como o Surfista Voador e o Duende Verde.
Além de independência e rapidez no deslocamento, o usuário ganha estilo e design sem poluir o ambiente.

Vantagens:
* as mesmas da opção anterior


Desvantagens:
* há chances de a população de pombas, pardais e outras aves nativas juntar-se ao motim dos controladores de tráfego aéreo, temendo um aumento na taxa de mortalidade devido a manobras irresponsáveis de "surfistas" bêbados ou sem habilitação.
* quando indagados sobre sua participação no projeto, tanto o Surfista Prateado quanto o Duende Verde disseram que não vão cooperar e só emprestam seus meios pessoais de transporte para maiores pesquisas mediante contrato em que conste a aposentadoria definitiva do Quarteto Fantástico e do Homem-Aranha.


Opção número três: inauguração da Nave Enterprise fazendo a ligação entre a Zona Sul e o Centro interligada ao sistema do Bilhete Único.
Uma população de grandes proporções não deve se contentar com Fura-Filas e similares de pequeno porte. Além de espaçosa, a velha e boa Enterprise possui a infra-estrutura em que o transporte coletivo de São Paulo sempre deixou a desejar: banheiros limpos, bilheterias eficientes e assentos para todos.

Vantagens:
* todos os compartimentos possuem ar condicionado, música ambiente e assentos forrados com vinil.
* na hora do rush, usuários podem assistir a encenações gratuitas de Jornada nas Estrelas, e nas viagens após a meia-noite, episódios censurados da série que revelam (de forma bastante explícita) a verdadeira natureza do relacionamento entre Spock e Kirk.
* graças a inovações e mudanças no modelo original, calcula-se que é possível que boa parte da população móvel de Santo Amaro, Interlagos e Capão Redondo embarque na mesma viagem, sem aperto ou espera.


Desvantagem:
* o projeto exige que V. Excia. transforme o nosso sambódromo em um estacionamento exclusivo para a Enterprise (um preço justo, já que o carnaval de São Paulo não costuma ser lá dessas coisas...)


No caso de as autoridades responsáveis não aprovarem tais projetos, sugiro ainda que o nosso ultrapassado rodízio de carros dê lugar à uma medida bem mais eficiente e garantida: o rodízio de pessoas. Funcionaria assim: às segundas-feiras, estariam proibidas de sair de casa, seja para ir à escola ou ao médico, trabalhar ou fazer compras, as pessoas cujo RG ou RNE terminasse com o dígito 1 ou 2; nas terças, com 3 ou 4, e assim sucessivamente. Obviamente, os maiores investimentos de V. Excia. seriam em fiscalização, e como acredito que o problema da corrupção e falta de valores infelizmente não vai ser resolvido durante seu mandato, aconselho que confie mais nas máquinas do que nos seres humanos que estarão a seu dispor.

Agradeço a atenção e fico no aguardo de uma resposta.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Six Months Later...

Coisa curiosa.

Desde que passei pelo blog da Tuppy, na terça-feira (dia 16/10), a idéia de voltar a escrever em um blog (apesar dos fracassos anteriores) me levou a mentalizar meia dúzia de rascunhos para o "texto de abertura" do dito cujo. Minha intenção era começar a escrever na quarta mesmo, mas não tive tempo e nem disposição. Sabia apenas que ele deveria incluir assuntos como Chico Buarque, o trânsito caótico de São Paulo e o misterioso fim (?) de Peter Petrelli, além de alguma menção aos eventos mais recentes... Até fotos da Ilha do Mel eram uma alternativa.

Acontece que ontem também foi um dia conturbado. Hoje, meu dia de folga não-oficial, resolvi parar de enrolar e fui para a página do blogger criar meu novo diário virtual. Tentei me logar com outros dois e-mails antes de chegar a este aqui, e perceber que, afinal, eu nem precisaria criar um novo blog.

The Plague's Diary estava esperando por mim.

Foi muito esquisito, para dizer o mínimo, reler o único texto que postei aqui, há mais de seis meses. Mais estranho ainda é que, como que para cumprir uma profecia, eu retorno a este mesmo texto, com vídeo do Brilho Eterno e tudo, para postar, justamente, o desfecho de toda uma estória que já havia, no dia 7 de setembro de 2007, completado um ano de idade.

É, that ship has sailed. And then it sank. There were no survivors.

Não acabou com notícias de noivado, nem com conversas civilizadas. Acabou com intrigas, com insultos e com falta de respeito, como não poderia deixar de ser. Acabou com gente que eu desprezava me lembrando do porquê do meu desprezo, e gente que eu até então não desprezava me mostrando que não há motivos para eu lamentar a inevitável separação, e sim comemorá-la.

Acabou porque, pela primeira vez nesses mais de 400 dias de teimosia, eu finalmente me rendi à libertadora verdade de que você não pode esperar que as pessoas mudem, e nem tentar mudar para que os outros fiquem mais felizes.

Acabou, enfim, porque não há mais nada a ser dito.

Além desta providencial "resolução de pendências", o que também acho curioso é que hoje passei pelo blog da Tuppy e li o que ela andou escrevendo por lá... Mein Gott, que déjà vu!

Mas mudemos de assunto, porque o prazo de validade deste já era.

Ontem à noite, me chamaram para peregrinar por alguns bares da Vila... Ó, dúvida cruel! É tentador sair com as meninas, mas meu tempo é curto (acordo às 5:30 amanhã, não posso abusar) e para agravar a situação, às 22:20 vai passar "O Império dos Sonhos", do David Lynch, lá na Fradique Coutinho...

Ah, apenas para que conste dos autos: já estou me programando para a Mostra Internacional de Cinema, mas deixo os detalhes para um próximo post porque agora preciso ir trabalhar.

A todos que passaram por aqui, até!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Everybody's Gotta Learn... sometime.

Matando tempo do Multimídia... Com dor na dorsal e de cotovelo, só para variar. Estou com fome, tenho aulas para preparar, tenho que ir treinar no Lab, mas estou aqui, sem fazer nada, ouvindo Beck e pensando no Fred, again, só para variar. Pensando que se eu tivesse dito, "sim, isto é uma confissão!", talvez tudo tivesse sido diferente... Ou talvez não.

Psicologicamente, nesses flashbacks estranhos em que eu lembro tudo o que ele me disse e tudo que eu disse para ele, eu meio que me preparo para um desfecho... em que ele, das duas uma: a) volta a entrar na minha vida, desta vez em uma dessas conversas entre amigos em comum em que o mais distraído "deixa escapar" que ele está muito feliz ao lado de outra, está noivo e ela, grávida ou, b) uma janelinha vai fazer um plop no meu msn e nós vamos conversar, e nós vamos nos entender. E não, nada vai voltar a ser como antes, e nem poderia. Nem eu ia querer que voltasse, mesmo que pudesse. Por que essa alternativa parece TÃO mais improvável que a primeira?

Há tanta coisa que eu queria que ele soubesse, mas que eu simplesmente não consigo explicar... Tudo que sai da minha boca sai atravessado, sai torto, sai pela metade, o que eu escrevo não traduz nem metade do que eu sinto.

Uma das coisas que eu queria ter dito para ele era simplesmente, que eu vou esperar por ele. Que não há como "ser feliz da minha maneira" se não for assim.

E que assinar como "Natália" não é estabelecer formalidade, mas sim tentar colocá-lo dentro da MINHA realidade, porque nela, ninguém me chama de "Lia". As poucas vezes que eu tentei introduzir este apelido no meu círculo de amizades a resposta foi tão negativa quanto aquela que se esperaria se um "Oi, meu nome é Mariana, mas pode me chamar de Lucrécia!".

Mas que eu não ligo se ele quiser continuar me chamando de Lia!

Porque para mim, ele vai ser sempre Fred. O Fred.

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