segunda-feira, 14 de julho de 2008

sexta-feira, 14 de março de 2008

Pela metade

Hoje cedo passei os olhos por algumas configurações deste blog e percebi, dentre outras coisas, que não dá mais para ouvir a música do meu perfil, nem a da Björk que eu linkei no meu post sobre Plutão. Culpa do Esnips, que era legal e facilitava (ao invés de complicar) a vida alheia. Agora, com essa tal política de copyright e limitações mil, ficou chato. E fraquinho, bem inho mesmo.

Pode ser que essas falhas técnicas não sejam de hoje, nem deste mês; vejam a data do meu post anterior a este. Como sou displicente. Audiência ao meu próprio website, eu até que dou. Entro e releio meus próprios posts com uma freqüência inexplicável. Penso em posts, escolho ilustrações, entro com e-mail e senha. Faço tudo isso, mas não redijo. Não posto e nem divulgo. Nem sempre me dá vontade. Melhor dizendo: quase nunca tenho vontade.

E enquanto isso, por causa disso, assuntos vão sendo largados aqui pela metade, como foi o caso da tal "Retrospectiva", que em janeiro eu disse que iria colocar em um futuro post. Quando? Não dei datas porque me conheço. Não voltei ao assunto até hoje, mas com um título desses, o prazo de validade é indeterminado. Elegantemente inútil.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Querida Lovett


Necromanteion, 06 de Fevereiro de 1789.

Querida Lovett,

Saudações. Desculpe-me pelo atraso da correspondência, mas fiz questão de enviar com esta um carregamento de especiarias que certamente lhe serão muito úteis. Entretanto, devo concluir que, com os preparativos de suas bodas com Todd, você sequer deve ter notado tamanho hiato. Quer dizer então que ele está animado com as núpcias em Côte d'Azur? Quem diria... A propósito: não, infelizmente não tenho nenhuma cesta de vime para lhe emprestar, e tampouco conheço alguém que tenha uma casa na praia.

Quanto a não poder me receber pessoalmente na reinauguração de sua loja, aceito suas desculpas e concordo que tal desfeita não se repetirá, a não ser que você já esteja pensando em fechar a loja e reinaugurá-la muito em breve. Neste caso, avise-me com antecedência para que eu tenha tempo de declinar com dignidade o seu próximo convite.

Não pense, porém, que eu guardo mágoas. Como verá nas linhas que seguem, procurei elaborar ao máximo minhas críticas para atender ao seu pedido de avaliação. Estas são, em sua vasta maioria, muito favoráveis.

Vou começar com sua torta de fígado com batata, canela e sálvia. Que inovadora! A idéia de servi-la com uma cerveja quente que já venceu há meio século é um toque a mais de picardia, mas devo alertá-la para um detalhe: talvez tenha sido exceção, mas a minha torta tinha uma nota um pouco azeda ao fim de cada garfada. Acredito que você tenha verificado com cuidado o pigmento da peça antes de utilizá-la...? Descarte sem hesitação os alcoólatras, Lovett. Essa sua obsessão por economia ainda vai lhe arruinar os negócios.

Passemos a "Le Tartan". Parabéns pela massa brisée, mas a combinação de nabo, mel e rins não me agradou. Sugiro que abra mão das entranhas e opte por alguma peça mais suave... carne de pescoço, talvez. Músculo também seria uma opção válida. Uma pergunta indiscreta: as tiras do "tartan" da tortinha são mesmo de intestino colorido artificialmente? Percebi logo de cara, mas não quis acreditar na sua ousadia! Mais uma vez, não se distraia: iguarias como essa precisam ser escaldadas e marinadas no rum por pelo menos oito dias, ou você vai acabar matando seus fregueses com verminoses medonhas (não que isso seja tão má idéia!).

Por fim, a torta da arraia-miúda, a menos elaborada e mais barata (alguma dúvida de que é a mais popular?): torta de carne moída com molho. Por essa, você merece uma bronca magistral. Sabe, Lovett, não sei o que está acontecendo com você. Talvez seja a fama, talvez seja a clientela, talvez seja Todd, talvez seja a pressa, talvez seja tudo isso junto. Eu normalmente não saio em passeio para comer uma torta de carne com pêlos. Pêlos, Lovett, faça-me o favor! Nem prestei atenção no seu tempero, pois fiquei tentando adivinhar, horrorizado, que tipo de pêlo era aquele, e pela espessura, não me restou muita dúvida. Será que você precisa que eu desenhe?

Negligência à parte, eu acho que você está se saindo razoavelmente bem. Ainda está a séculos de distância de atingir um padrão de higiene no mínimo aceitável, mas vou levar em consideração a cultura local. Por esse ângulo, você nem precisa se preocupar com reclamações de seus fregueses primatas...

Algo com que você precisa se preocupar, e sobre o qual você se manifestou em sua carta, é a fumaça tenebrosa que sai da sua chaminé, Lovett. As cinzas até que dão um charme à sua vizinhança sujismunda, mas a fedentina... Dentro do baú que acompanha esta carta, você vai encontrar duas jarras altas: uma de marfim e outra de ébano. Na primeira, há pó de sândalo, que pode dar uma disfarçada na fedentina; na segunda, coloquei umas ervas alucinógenas que você pode usar quando quiser deixar seus vizinhos mais... animados, e menos atentos à nuvem tóxica em questão.

Folgo em saber que, finalmente, você decidiu enveredar pelos caminhos das carnes mais jovens. É o que venho lhe dizendo há tempos, Lovett... não há comparação. Você não me deu detalhes da peça, por isso escrevo o essencial: até os dez anos de idade, o ideal é cortar as carnes em cubos e usá-los em ensopados. Com as peças com mais gordura, parta para os assados. Peças com mais idade geralmente precisam ser marinadas ou moídas, o que pode restringir sua gama de opções. Por isso mesmo, estou enviando uma receita que funciona em qualquer um dos casos, e que você pode adaptar para a sua versão "torta": "Children Fingers". A receita está anexada à lista de ingredientes, mas não é demais repetir: cuidado com as unhas. Leva tempo e paciência, mas "descascar" as pontas dos dedos faz toda a diferença.

Por ora, é só. Dê minhas lembranças a Todd.

A seu dispor,


The Plague

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Olha, olha, agora sem as mãos!

Tenho estado com muita vontade de me mostrar ultimamente.

Impressionante que eu não tenha escrito nada por aqui em quase um mês, ainda mais quando se trata de dias de eventos curiosíssimos. Ainda mais impressionante porque, oras!, eu ando querendo me mostrar. Como é que desperdicei esta ferramenta de marketing pessoal?

Apesar de já ter me distanciado deste blog antes, posso garantir que, desta vez, os motivos foram outros. A abundância de assuntos merecedores de atenção (e de um belo post) causou uma espécie de paralisia nesta minha mente tão hábil, que vez ou outra se atrapalha quando idéias se acumulam e prioridades precisam ser definidas.

Resquícios de um passado não muito distante, quando eu contava ao Fred que, muitas vezes, tinha tantas idéias para um bom post que não escrevia nada; ao querer alinhar como soldadinhos de chumbo todas as centelhas imaginativas que flutuavam por trás dos meus olhos, chegava à conclusão de que algumas se perdiam no processo, o que me deixava, de certa forma, frustrada.

O próprio Fred, naquele tempo, já havia me revelado o que eu só viria a descobrir muito tempo depois sobre as minhas frustrações, inclusive ao volante (um adendo meio fora de hora, mas que será explicado na "Retrospectiva"). Como é que eu posso deixar de ser grata a esse cara?

[A resposta desnecessária para a minha pergunta retórica é: não posso. Ainda que Frederico W. Rezek não tenha sido causa da minha felicidade presente, ele foi condição. Já diria o grande Paulo, sempre ele...: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Como são insondáveis as suas decisões, e como são impenetráveis os seus caminhos!" (Rm 11:33) ]

Aproveitando a deixa, não sei onde a minha Bíblia foi parar. Ainda bem que já tinha colocado uma edição nova na minha lista de presentes de Natal.

E por falar em leitura, é oficial: retomei os meus estudos literários com... (engole seco) "Iracema". É de doer. Não gosto do Alencar, ponto final. Depois dele, para meu grande alívio, virá "Sagarana", leitura de bordo reservada para o dia 26, quando embarco para Bogotá. Antes de "Sagarana", porém, vou passar no Centro Cultural e surrupiar umas apostilas de História. Como uma das minhas últimas aulas do ano acabou de ser cancelada, é provável que faça isso hoje mesmo. Agora mesmo, aliás.

domingo, 25 de novembro de 2007

Sem peso na consciência

Acabou-se a era dos vestibulares, pelo menos até janeiro do próximo ano bissexto. Trocando em miúdos: hoje foi dia de Fuvest.

Agora posso retomar a minha vadiagem de sempre, sem peso na consciência. Não que antes da prova de hoje eu não tivesse vadiado, pelo contrário: vadiei, mas não sem um certo remorso. Afinal, as apostilas de Química, Física e Matemática estão a poucos metros de distância, e assim ficaram, descansando dentro da mesma gaveta, durante os poucos meses em que eu havia decidido, resoluta, dar mais atenção àquelas engrenagens da Termodinânima, dos Fenômenos Ondulatórios, das Ligações Covalentes e das Entalpias.

Sobre a minha vadiagem nos estudos: ela é relativa. Aplica-se, geralmente, àquelas matérias que eu considero execráveis. No tempo que disponibilizei para os meus estudos vestibularescos, comecei pelo que mais me agrada: li "A Cidade e as Serras" e "O Burrinho Pedrês" (para que ninguém diga que "Sagarana" passou em branco) e reli "Dom Casmurro" e "Memórias de um Sargento de Milícias". De forma bastante esparsa, estudei alguns poemas d"A Rosa do Povo" e relembrei Alberto Caeiro. "Auto da Barca do Inferno" e "Vidas Secas" ainda estavam em destaque na minha memória, e "Iracema", ainda que não estivesse, não ganhou atenção porque o chatérrimo "O Guarani" me traumatizou a respeito de Alencar.

Comecei por isso e terminei por isso. Quando peguei meu bom e velho caderno de fichas de resumo, passei os olhos pelos tópicos de Física e notei que a minha memória seletiva não ia me ajudar naquela revisão que eu esperava ser breve. Para conseguir elaborar uma equação de Torricelli crível, eu precisaria dedicar pelo menos uma hora para a introdução, e tão somente a introdução, do estudo da Mecânica. Bastou-me uma conta de multiplicação para perceber que, se quisesse levar adiante uma revisão de Exatas que me servisse para alguma coisa além de enxaquecas, precisaria de muitas, mas muitas horas de estudo diário.

Sendo assim, resignei-me a ficar mesmo na Literatura. Poderia, de fato, ter me atentado mais a alguns detalhes miúdos da História e da Geografia, mas talvez por um excesso de confiança, talvez por pura preguiça, detive-me à resolução da prova da Fuvest de 2007 como meu mais completo exercício de preparação. Desempenho pífio em Exatas, razoável em Biológicas, satisfatório em Humanas (Deus está nos detalhes, e a estes eu não dei muita importância, o que me custou alguns pontos em Geografia).

Hoje de manhã, passou-me pela cabeça uma breve dúvida: qual a melhor leitura para o tempo de espera antes da entrada no local de prova? O suplemento especial sobre a Amazônia ou as fichas de resumo? Por um lado, seria bom expandir um tema em voga e interdisciplinar; de outro, eu precisava estudar Análise Combinatória! Trata-se de uma constante em provas de respeito, e uma que eu sempre desenvolvo na raça, perdendo minutos a fio com o que pode ser resolvido por uma simples fórmula de que eu não me lembro.

Pois bem, se levasse os dois, levaria comigo a dúvida e a perda de tempo seria contraproducente: acabaria não lendo nenhum dos dois com a devida atenção. Atinei: já que os dois parecem bons, melhor não levar nem um, nem outro. Peguei o resumo de Sagarana e resolvi calibrar meus pontos fortes, o que se revelou um erro de estratégia: pouparam Guimarães, e lá estava a boa e velha "o número de maneiras distintas de dispor os nove passageiros é igual a...". Pelo menos, o caderno sobre a Amazônia teria se mostrado igualmente inútil.

A prova, em si, não foi difícil. Exigiu, com ou sem fórmulas, raciocínio e conhecimentos gerais em detrimento da decoreba. Ao chegar em casa, conferi o gabarito e, a não ser que as notas de corte do ano passado saltem 10 ou 15 pontos, eu teria passado para a segunda fase até de Publicidade.

É nessas horas que o Apollo Owen-Kressley dentro de mim estremece de tanto prazer.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Flashback

É curioso como uma música tem todo um poder de despertar memórias e outras coisas afins. Quando percebi que a música que andava cantarolando desde manhã era "Fashion Party", do Ace of Base (podem rir, jovens da década de 90 que sabem de quem eu estou falando. Vosso passado também vos condena!), aconteceu o inevitável. Lembrei das festas da minha infância.

Talvez elas tenham esse gosto especial por serem as primeiras, com os primeiros grandes amigos, com os primeiros romances, com as primeiras bebidas e, é claro!, com as primeiras músicas e danças. Exemplo:

15 de novembro de 1994. Meu aniversário de 11 anos. Sou eu ali, de vestido brega (podem rir), dançando com o Maurício, meu vizinho (um terreno separava a minha casa da dele, lá na Licínio Maragliano). A música era "Hero", da Mariah Carey (podem rir de novo).

Para quem nunca teve baile nas festas de aniversário (estão rindo do quê?), vale lembrar que esse momento era a "Dança da Vassoura", ou seja: você podia estar lá, dançando, numa boa, que alguém aparecia com o supracitado utensílio e você devia dar a vez. Isso acontecia bem rapidamente com qualquer garota que estivesse dançando com o Maurício, talvez pelo fato de ele ser o garoto mais bonito do bairro. Assim sendo, poucos instantes depois desta foto ter sido tirada, aparecia a Verônica (cabelo curto, blusa cinza, ao lado da Amanda, de calças anos 80 e blusa branca) para acabar com a festa.

Não literalmente, é claro.

Nessa época, era comum a gente brincar na rua horas a fio. Comemorávamos o Halloween batendo de porta em porta pedindo doces. No ano seguinte a essa festa, eu já estava encarregada de preparar as batidas para as festas na casa do Peru (a.k.a. André). Desde aquele tempo eu já carregava na cachaça, e quase colocava o pessoal em coma alcoólico. Eu, por minha vez, era relativamente imune a porres, já que tomei minha primeira caipirinha aos 4. Thanks, dad!

Dormia na casa das meninas, depois de toda a vizinhança brincar na rede torcida até altas horas. A brincadeira consistia no seguinte: torcia-se a rede e, enquanto duas pessoas seguravam as extremidades da dita cuja, três destemidos participantes sentavam sobre ela. Soltava-se a rede e... bom, o resultado é bem previsível. Ganhava quem não precisasse ser levado de ambulância até o pronto-socorro mais próximo.

Outra brincadeira bastante construtiva: roda de tapas na palma da mão. O nome já diz tudo: sentados em círculo, cada um deveria dar o tapa mais forte que pudesse na mão da pessoa à sua esquerda, que por sua vez espancaria a mão à sua esquerda, e assim sucessivamente. Nessa eu caprichava. Minha mão ficava roxa, mas eu era sempre uma das últimas (se não a última) a sair.

E tinha mais, muito mais. Detetive no escritório da Dona Vera. Jogo do Copo. Verdade ou Desafio. Cabo de Guerra. Depois dos 12 anos, dia sim, dia não, era noite de pizza. Jogo do Brasil com pipoca na minha casa. Bicicleta e vôlei na rua. Certa vez, esfolei a minha cara no portão da Dona Irene tentando andar de patins. Carnaval com confete. Nhoque de farinha com molho de farinha. Coca-cola saindo pelo nariz. Tinha Madonna. Tinha Clip Trip com “Aiôôôô Silver” e Ace of Base. “The Sign”. “Living in Danger”. “All That She Wants”.

“Fashion Party”.

É curioso como uma música tem todo um poder de despertar memórias e outras coisas afins.

sábado, 17 de novembro de 2007

Não é planeta não, e daí?

Acabei de ler algo engraçado no Yahoo Answers:

"I'm a Scorpio. Pluto WAS the ruling planet. Recently, it was decided, Pluto is not a planet. What to do? Will I be assigned a new "ruling planet?" Is there any chance "Goofy" will achieve planet status?"

Algumas das melhores respostas:

"Dude, we scorpios got screwed. Now we're ruled by a wimpyass half-planet (which is SO beneath a sign of our stature), and I definitely don't want to go back to sharing Mars with that bed-hog Aries."
.
"Well, sorry to tell you but all scorpios will be dead within the next 10 days, with no planet to give direction to their lives."
.
"i'm also scorpio,i'm afraid our times up mate."
.
"Yea that's a hard one. Technically Pluto is a sub planet So you have a planet that is a lame duck ruler. Yikes! You could end up like the USA. It's got a lame duck president."

A minha favorita:

"Now you are a free man without a ruler..."

Hahahahahahahahahaha... Ai, ai.

Verdade seja dita: who cares? Então Plutão não é planeta? Whatever. O Sol também não é, e vai ver como os leoninos se orgulham dele. Eu curto o planetóide desbancado, e daí? O que me atrai realmente nesse papo todo de astrologia é que o signo, ascendente, planeta regente e toda essa parafernália contribuem para uma certa afirmação do "eu". Eu gosto quando dizem "Cruzes!" quando eu falo o meu signo. Eu tiro o chapéu para Hades (a.k.a. Pluto), Ruler of the Underworld. Eu simpatizo com os símbolos de Escorpião, e identifico em mim as tão famosas características escorpianas. E daí?

Sou Anglicana, sim. Deus tem todo o poder, mas também tem senso de humor e criatividade.

Enfim... Meu aniversário passou, e com ele está passando, lenta porém inexoravelmente, o meu mau-humor dos últimos dias. Mais virá para 2008. Até lá, dá para se divertir.

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