terça-feira, 20 de novembro de 2007

Flashback

É curioso como uma música tem todo um poder de despertar memórias e outras coisas afins. Quando percebi que a música que andava cantarolando desde manhã era "Fashion Party", do Ace of Base (podem rir, jovens da década de 90 que sabem de quem eu estou falando. Vosso passado também vos condena!), aconteceu o inevitável. Lembrei das festas da minha infância.

Talvez elas tenham esse gosto especial por serem as primeiras, com os primeiros grandes amigos, com os primeiros romances, com as primeiras bebidas e, é claro!, com as primeiras músicas e danças. Exemplo:

15 de novembro de 1994. Meu aniversário de 11 anos. Sou eu ali, de vestido brega (podem rir), dançando com o Maurício, meu vizinho (um terreno separava a minha casa da dele, lá na Licínio Maragliano). A música era "Hero", da Mariah Carey (podem rir de novo).

Para quem nunca teve baile nas festas de aniversário (estão rindo do quê?), vale lembrar que esse momento era a "Dança da Vassoura", ou seja: você podia estar lá, dançando, numa boa, que alguém aparecia com o supracitado utensílio e você devia dar a vez. Isso acontecia bem rapidamente com qualquer garota que estivesse dançando com o Maurício, talvez pelo fato de ele ser o garoto mais bonito do bairro. Assim sendo, poucos instantes depois desta foto ter sido tirada, aparecia a Verônica (cabelo curto, blusa cinza, ao lado da Amanda, de calças anos 80 e blusa branca) para acabar com a festa.

Não literalmente, é claro.

Nessa época, era comum a gente brincar na rua horas a fio. Comemorávamos o Halloween batendo de porta em porta pedindo doces. No ano seguinte a essa festa, eu já estava encarregada de preparar as batidas para as festas na casa do Peru (a.k.a. André). Desde aquele tempo eu já carregava na cachaça, e quase colocava o pessoal em coma alcoólico. Eu, por minha vez, era relativamente imune a porres, já que tomei minha primeira caipirinha aos 4. Thanks, dad!

Dormia na casa das meninas, depois de toda a vizinhança brincar na rede torcida até altas horas. A brincadeira consistia no seguinte: torcia-se a rede e, enquanto duas pessoas seguravam as extremidades da dita cuja, três destemidos participantes sentavam sobre ela. Soltava-se a rede e... bom, o resultado é bem previsível. Ganhava quem não precisasse ser levado de ambulância até o pronto-socorro mais próximo.

Outra brincadeira bastante construtiva: roda de tapas na palma da mão. O nome já diz tudo: sentados em círculo, cada um deveria dar o tapa mais forte que pudesse na mão da pessoa à sua esquerda, que por sua vez espancaria a mão à sua esquerda, e assim sucessivamente. Nessa eu caprichava. Minha mão ficava roxa, mas eu era sempre uma das últimas (se não a última) a sair.

E tinha mais, muito mais. Detetive no escritório da Dona Vera. Jogo do Copo. Verdade ou Desafio. Cabo de Guerra. Depois dos 12 anos, dia sim, dia não, era noite de pizza. Jogo do Brasil com pipoca na minha casa. Bicicleta e vôlei na rua. Certa vez, esfolei a minha cara no portão da Dona Irene tentando andar de patins. Carnaval com confete. Nhoque de farinha com molho de farinha. Coca-cola saindo pelo nariz. Tinha Madonna. Tinha Clip Trip com “Aiôôôô Silver” e Ace of Base. “The Sign”. “Living in Danger”. “All That She Wants”.

“Fashion Party”.

É curioso como uma música tem todo um poder de despertar memórias e outras coisas afins.

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